Sirene III e IV
III
O que há de especial na seleção?
Exclusão. Puramente fortaleza, couraça,
que não aguenta um meteoro, quicá um
eclipse duradouro, uma fin-dura de mundo…
Pois me excluam da vida que não serei.
Quero ver qual deles vai me cuspir,
jogar fora a utilidade inútil, crescer,
a-parecer taticamente ao lado do sol (seu).
Pois a menos que selasse o destino
o convênio mais corrupto, não ganhará
do prazer efêmero sequer fagulha.
Nunca mais seria… como se ser fosse
incorruptível, e desejar, a maior das
corrupções possíveis; muito mais que ter…
IV
Minha desculpa, meu amor: quando terminamos
aquela correria maluca, não paramos ainda,
pois a correnteza de cabelos abaixo, acima,
pendurávamo-nos, perdurávamos, perdoávamos…
Ainda não preciso de nenhuma máquina para amar.
Cada pedaço que me deixam enterrado, passo
como se o tempo fosse único, e o espaço,
múltiplo e sazonal, tendendo ao desafio…
Deus me tem em conta, e isso não é tudo:
cada minuto me faz devedor de quimeras.
Quiseram que tudo fosse fácil e rápido…
Mas os cabelos não teimam em crescer, no
peito, na xana, na vara, nas pedras…
Ah! Deus que não me abandone imberbe…
Foto: http://sirene.streghefate.it/
Publicado em 05/08/2006, em Poesia. Adicione o link aos favoritos. 2 Comentários.
Cara, excelente, muito!!!!
Excelentes os poemas… Sabe que também sou desistente do curso de Administração de Empresas? Muito obrigado pelo link, ganhaste um leitor!